sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O divórcio dos pais

As figuras parentais são fundamentais na forma como se vão desenvolver os principais processos psíquicos da criança. O núcleo emocional e afectivo de uma criança terá como base não só na relação que os pais estabelecem com esta, assim como a relação que o casal estabelece um com o outro.
As falhas de relação ou ausência de interacções protectoras e securizantes na fase de uma separação, podem resultar em dificuldades que a criança terá no relacionamento com amigos, familiares ou professores, assim como com ela própria.

O divórcio dos pais, quando é mal integrado pela criança, pode trazer alterações e sequelas que comprometam todo o seu crescimento. Ainda que o divórcio seja somente entre os pais, a criança fica confusa quanto à forma como vai gerir o que dentro dela continua bem junto e unido (pai e mãe).Poderá haver tentativas sucessivas de reaproximar os pais e negação quanto à realidade da separação. Ao contrário do luto, em que há uma perda definitiva de alguém amado, na separação a criança mantém a possibilidade de algo que possa ser reversível, alimentando a esperança e a ilusão. A perda pode não ser imediatamente sentida com a mesma intensidade do luto, mas mantém-se presente de uma forma intermitente enquanto a criança não aceitar o divórcio dos pais. Isto impede-a de tranquilamente dedicar-se aos seus pensamentos, fantasias e brincadeiras, para poder investir e dedicar grande parte do tempo a imaginar e tentar uma reaproximação entre os pais.
Ainda que o divórcio seja indubitavelmente a melhor opção que o casal defina, e se calcule que a criança viva num ambiente mais saudável sem as constantes brigas conjugais, na verdade nem sempre o divórcio garante à partida um clima de maior serenidade e estabilidade. Por vezes, o divórcio é uma continuidade ou mesmo o começar de conflitos persistentes em que a criança passará a ter o papel de elo intermediário entre os dois.

É frequente a alteração de comportamentos por parte da criança, numa fase de divórcio ou separação entre os pais (má disposição, choro fácil, menor rendimento escolar, desobediência muito persistente, inquietação, entre outros).
Por estas e outras razões, um processo terapêutico com a criança paralelamente a um aconselhamento parental, poderá evitar a evolução de consequências problemáticas no seu desenvolvimento.

6 comentários:

  1. Gostaria de saber o que fazer quando a mãe é psicologa e age de forma prejudicial ao filho?

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  2. Caro Marcio,

    Qualquer pessoa pode ter problemas ou dificuldades nas relações familiares, independentemente da profissão. Ainda que uma mãe seja psicóloga, se existir um clima de conflito permanente resultante de um divórcio que possa prejudicar a criança, deverá como qualquer outra pessoa procurar apoio de um profissional.
    Com os melhores cumprimentos,
    Ana Rita Dias

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  3. Doutora boa tarde!Gostaria de saber como aconselhar crianças que estão apáticas ao colegas e as atividades escolares, cujo pais se divorciaram recentemente! Sou estudante de pedagogia e ja ministro aulas na rede de ensino, tenho 46 anos,casado,pai de dois filhos abençoados!
    Muito obrigado!

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  4. Boa tarde Walter,

    Neste tipo de situações, e tendo em conta o seu papel, o mais importante é demonstrar que está disponível para a criança naquilo que ela possa necessitar. Forçar o assunto pode levá-la a evitar ainda mais o contacto, e quando mostramos que estamos ali, presentes, para o que for preciso, elas a pouco e pouco podem ter a iniciativa de falar sobre o problema e sobre o que sentem. No entanto, se com o passar dos dias, percepciona que a criança está com uma alteração prolongada dos seus comportamentos e que se mantém em sofrimento, deverá sugerir junto dos pais que estes procurem um profissional de psicologia, pois a resolução de conflitos internos que a criança possa estar a sentir excede o seu âmbito de intervenção.

    Atentamente,
    Ana Rita Dias

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  5. Gostaria de saber qual seria a melhor solução numa separação pacifica, em que se pretende que os filhos fiquem com ambos alternadamente (1 semana, 15 dias?).
    Crianças com 3 e 7 anos. Quando iniciar esta separação (logo após os pais se separarem?).

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  6. Caro Zambuno,

    O facto de ser uma separação pacífica, vai faciliar bastante as inevitáveis mudanças a que os filhos são sujeitos. Contudo, com a pouca informação disponibilizada e sem saber o vosso contexto famliar, seria prematuro dar-lhe indicações seguras. Pode procurar um psicólogo ou até mesmo um mediador familiar, que vos irá ajudar bastante a estabelecer as prioridades e as novas "regras" da situação em que se encontram, para que os vossos flhos se adaptem o melhor possível.
    Cumprimentos

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