terça-feira, 6 de novembro de 2007

Co-dependência no feminino

A Co-dependência, também conhecida por "mulheres que amam demais"
(Robin Norwood), é uma incapacidade que algumas mulheres têm para viver relacionamentos amorosos saudáveis, com uma tendência constante para se apaixonarem por pessoas muito problemáticas e ficarem presas emotivamente a estas mesmas pessoas.

Nestas mulheres, existe uma atracção por parceiros que sejam ausentes, negligentes, imaturos ou mesmo violentos (fisicamente e/ou verbalmente). De uma forma inconsciente, há uma necessidade de perpetuar uma série de emoções negativas que estes parceiros lhes provocam, como forma de se manterem num "equilíbrio" enganador, que lhes traz sofrimento e angústia ao longo de toda uma vida.

A questão que se coloca imediatamente é: porquê? Porque é que uma mulher se mantém com um homem tão problemático? Porque é que depois de muitas experiências de humilhação, continua a gostar daquela pessoa que a mal trata?
Esta opção, muitas vezes, não é uma atitude consciente e racional por si só. Com frequência estas mulheres sabem que sofrem e continuarão a sofrer, só que atribuem isso ao amor que sentem pela outra pessoa e não tanto à dependência que entretanto criaram.

Um envolvimento com um parceiro que não seja problemático pode tornar-se para estas mulheres insípido, aborrecido e monótono, porque não contem o dramatismo, a luta diária e a incerteza que geram para se sentirem vivas. Considera-se que esta tendência está relacionada com padrões disfuncionais familiares do passado, e que quanto maior o sofrimento da criança no passado, maior a probabilidade de na idade adulta a mulher reproduzir esses mesmos padrões com novos companheiros.

No fundo, esta é uma forma de dependência tão auto-destrutiva como no abuso de substâncias, alcoolismo ou vício do jogo, estando a diferença no "objecto" em que essa dependência é depositada. Torna-se uma relação do género "chave-fechadura" e que acaba por se prolongar no tempo ou mesmo uma vida toda, porque a mulher sente necessidade de assumir um papel maternal e cuidador para com o companheiro problemático, e este, por sua vez, precisa de uma mulher que manifeste características de dependência e vulnerabilidade psicológica. Ao contrário do que se possa pensar, esta relação é prejudicial para ambos, pois a mulher ao permitir-se ser mal tratada também alimenta a manutenção dos comportamentos negativos do parceiro.

Apesar de ser menos frequente, há homens que também sofrem de co-dependência. Acredita-se que não seja tão visível e que mais facilmente se mantenha dentro de "4 paredes", porque socialmente ainda existe uma conotação muito negativa para o homem que é sujeito a maus-tratos (quer físicos, quer psicológicos). Permanece ainda o estereótipo de que é só a mulher que passa por estas situações.

Nestes casos de co-dependência, a ajuda psicológica torna-se fundamental porque é natural que a pessoa sinta um enorme vazio e imensas alterações emocionais quando se tenta comportar de forma mais firme com o companheiro ou quando quer uma separação. Há, aliás, quem se mantenha na co-dependência a vida toda para não ter de passar pelo angustiante processo de separação. A pessoa acredita que não aguentará viver sem essa pessoa e acaba por se conformar pelo profundo medo da mudança.
A terapia ajudará ainda a que a mulher se comece a questionar sobre a razão que a levará a sentir-se atraída por homens com determinadas características negativas e a perceber a origem desse comportamento, de forma a ultrapassá-lo. Como diz Maria do Rosário Dias "não podemos escolher a família nem alterar o que está para trás nas nossas vidas, mas podemos escolher as pessoas com quem nos relacionamos pela vida fora".

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