quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Enurese e Encoprese


Cada criança tem um desenvolvimento único e particular, ainda que as etapas do seu crescimento ocorram normalmente dentro de padrões mais ou menos estabelecidos.
Em relação ao controlo voluntário dos esfíncteres, este ocorre, na maioria das crianças, entre os 2 e os 4 anos de idade, primeiro durante o dia e depois também durante a noite. O desenvolvimento deste controlo depende de vários factores, nomeadamente ao nível da neurofisiologia, da própria cultura e da relação afectiva e emocional com as pessoas significativas.

Quando a criança demonstra dificuldades nesta etapa do seu desenvolvimento, podem-se originar perturbações esfíncterianas, conhecidas como a Enurese e a Encoprese.
A Enurese define-se pela emissão activa completa e não controlada de urina, após a idade de maturidade fisiológica. Por vezes a enurese é somente nocturna, outras vezes é diurna e em alguns casos ocorre tanto de dia como de noite. Em termos de frequência, a enurese pode ser diária, irregular ou intermitente (esta última normalmente transitória).
A Encoprese é mais rara e grave do que a enurese e consisite na defecação nas cuecas em crianças que já ultrapassaram os 3 anos de idade. Na maioria das vezes ocorre durante o dia e precede-se a uma fase em que a criança já teve a capacidade de conter as fezes. Quanto à frequência, esta pode ser diária ou pluridiária, ainda que o mais comum seja intermitente, estando relacionada com determinados episódios de vida da criança (stresse, angústia, insegurança...).

Tanto a enurese como a encoprese podem e devem ser tratadas, pelo que um psicólogo poderá ajudar a criança e os pais a lidarem com este problema. A criança adquire a aprendizagem, através dos pais e educadores, de que a determinada altura se deve fazer xixi e cocó no bacio, e esta constitui uma das primeiras censuras que enfrenta, fazendo prever também outras responsabilidade futuras normais do desenvolvimento. Poderá ser exercida sobre a criança uma pressão na aquisição da higiene, que será sentida como mais ou menos severa, de acordo com preocupações mais ou menos excessivas dos pais nessa tarefa. Por outro lado, a urina e as matérias fecais são normalmente um reflexo de veiculação da carga afectiva e do ambiente familiar, que poderá conter aspectos negativos e positivos. Nenhum ambiente familiar é totalmente positivo, faz parte da vida e do ser humano existirem sempre alguns aspectos negativos. No entanto, e caso não haja algum trauma externo e que foge ao controlo da família, se os positivos predominarem e esta nova etapa for encarada com descontracção, a aquisição do controlo esfincteriano será feita de uma forma natural e prazerosa para a criança.

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