Nos dias de hoje assistimos a um crescimento muito rápido de centros de estética e de beleza, que reflectem o espelho das necessidades que surgem na nossa sociedade. Estes centros são cada vez mais procurados, não só pelas mulheres mas também pelos homens e, em parte, devido à influência diária exercida pela moda, publicidade, novelas ou cinema. Mesmo que conscientemente nos pareça que não somos afectados por essas influências, a verdade é que estas acabam por definir um padrão de beleza que vai sendo interiorizado e enraizado desde a mais tenra idade, sem que disso nos apercebamos.
Todos os dias, crianças, jovens e adultos assistem a propagandas ou anúncios de imagens idealizadas e que são tomadas como as mais desejáveis. Apesar de sabermos que a beleza é relativa e que “o que é belo para um não tem de ser belo para o outro”, existem estereótipos de beleza que são sentidos por algumas pessoas como algo a ser atingido.
A auto-imagem é a visão que temos de nós mesmos, baseada em experiências do passado, em vivências presentes e em expectativas futuras, sendo que a percepção e descodificação que fazemos desta é fundamental na nossa auto-estima e no nosso comportamento social e pessoal. Podemos defini-la como a imagem que formamos na nossa mente acerca do nosso corpo, e este retrato mental que a pessoa faz de si mesma vai reflectir-se na relação com ela própria e com os outros. Sabemos que o físico e o psíquico estão de mãos dadas, pelo que sentimentos de inferioridade e de falta de confiança provêm muitas vezes duma inadequação corporal que é sentida como insatisfatória.
Podemos dizer que a auto-imagem é adequada quando existe uma coerência entre o que se observa objectivamente e a visão que a pessoa tem de si, ou seja, o grau de percepção vai ao encontro do grau de realidade. Se assim for, a pessoa tem capacidade para reconhecer os seus pontos positivos e negativos, e para se valorizar nos positivos. Neste sentido, a utilização da estética só pode ser considerada positiva quando uma intervenção na imagem exterior traz benefícios ao bem-estar interno da pessoa e quando esta consegue, de uma forma realista, distinguir uma melhoria na sua imagem de uma mudança idealizada e ilusória.
A vida moderna cria a necessidade de incluir a Psicologia na Estética, essencialmente para actuar no conceito de auto-imagem de cada um. Embora teoricamente qualquer pessoa possa beneficiar da intervenção na sua imagem (desde cabeleireiro, plásticas, programas de emagrecimento, produtos cosméticos, entre outros), na prática muitas delas não conseguem tirar partido dessas intervenções, porque permanecem insatisfeitas, demonstrando a necessidade de uma intervenção psicológica conjunta. Sem a intervenção psicológica, a pessoa estará permanentemente em busca do defeito exterior que tem de ser corrigido ou disfarçado, como forma de colmatar temporariamente um mal-estar interno.
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