Quando a criança não tem qualquer patologia, a aquisição da linguagem desenvolve-se de acordo com algumas etapas extremamente regulares:
- A Pré-linguagem: Vai desde o nascimento do bebé até ao aparecimento da 1ª palavra, que pode acontecer entre os 9 e os 18 meses. O mais frequente é aos 12/13 meses. A pré-linguagem começa pelo choro, em que a criança limita-se a manifestar algum tipo de sensações (mal-estar, impaciência, satisfação, etc). Mais ou menos por volta do 2ºmês, aparecem as primeiras vocalizações espontâneas, em que a actividade fonatória começa a diferenciar-se (lalação, balbuceio). Na lalação, o bebé tenta vocalizar todos os sons possíveis, e progressivamente vai reduzir o leque de sons, para tentar repetir apenas aqueles que ouve. A partir dos 6/8 meses surge a ecolália, em que se constrói uma espécie de diálogo relativamente homogéneo entre o bebé e os pais.
- A Primeira Linguagem: As primeiras palavras por vezes surgem na ecolália (papá, mamã, mais, dá...), e aos 12 meses a criança poderá saber dizer entre 5 a 10 palavras. Por volta dos 18 meses surgem as primeiras combinações de duas palavras como "óó-bebé", ao mesmo tempo que surge a negação, em que a criança utiliza a palvra "não" constantemente. Pouco a pouco esta esteriotipia dá lugar a uma maior organização linguística.
- A Linguagem: É a etapa mais longa e complexa, em que existe um enriquecimento não só na quantidade de palavras como também na aprendizagem do seu significado. As estruturas elementares da linguagem vão sendo cada vez menos frequentes e cada vez mais a criança se assemelha à linguagem do adulto. Entre os 4 e os 5 anos a organização sintática da linguagem torna-se bastante rica, em que a linguagem explícita sem acesso a informações exteriores, basta por si só.
No desenvolvimento desta 3ª etapa poderão evidenciar-se perturbações da linguagem, que podem ser mais ou menos transitórias e que impedem uma evolução natural na progressão linguística da criança. Essas perturbações poderão afectar igualmente a escrita e incluem: as perturbações da articulação; as perturbações da fluência; o atraso da fala; o atraso simples da linguagem; as disfasias graves; a dislexia-disortografia; a gagez e o mutismo.
O psicólogo poderá ajudar a despistar e a fazer o diagnóstico deste género de perturbações, relacionando-as com questões afectivas e relacionais que eventualmente necessitem de um processo psicoterapêutico. Em situações específicas será indicado o encaminhamento para um terapeuta da fala.
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